História
Duzentos anos de história. A Igreja de Nossa Senhora da Consolação surgiu no caminho do Piques. Vereda que levava àquela região que hoje é ocupada pela Praça da Bandeira. Nas proximidades, a Rua do Paredão, hoje Xavier de Toledo. Também ficava na estrada que levava (e ainda conduz) à Nossa Senhora dos Pinheiros. Ao bairro de Pinheiros.
A Igreja foi fundada em 1799. Reformada em 1840. Foi subordinada à Igreja de Santa Ifigênia, enquanto a maioria das igrejinhas do século XIX serviam à Sé. Mas em 1870 já aparecia em seu livro de Tombo os limites de sua freguesia, entre o Anhangabaú, a futura Avenida São João e o Rio Tietê. E a ela se subordinaram as igrejas da Santa Cruz das Perdizes (até 1879) e de Santa Cecília (até 1892).
No início do século XX surgiu a idéia de construir uma nova igreja. Como se fazia por toda a cidade, numa febre de progresso e renovação que, infelizmente, destruiu grande parte de nossos edifícios coloniais. Um documento antigo atesta bem esse espírito da época: “Fazemos saber que (…) havemos por bem de conceder-lhe faculdade para mandar demolir a actual igreja matriz da parochia afim de que no mesmo lugar se possa erigir uma nova matriz que possa corresponder aos belos edifícios que ora existem nesta capital” (D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo metropolitano, ao vigário da Igreja da Consolação, 15 de agosto de 1909).
Encontrei no livro de tombo da igreja (volume segundo) cópia da escritura do terreno para a construção da nova matriz e que se postava ao lado da antiga igreja. O terreno pertencia à Dona Veridiana Prado. Foi comprado por 40 contos de réis. Tinha 35 metros de frente por 32 metros de fundos. Os lados mediam 42 e 50 metros. No dia 21 de novembro foi lançada a pedra fundamental e alguns anos depois estava pronto o edifício religioso lindo, dotado de uma torre altíssima, e de um altar-mor trazido de Paris, feito em carvalho, mármore e bronze.
A nova matriz tem imagens belíssimas. É faustosa. Cheia de placas que rendem homenagens àqueles, de mais posses, que contribuíram para a ereção da magnífica igreja. Lembremos que a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação teve em seus quadros pessoas altas da terra paulista, como o Barão de Ramalho e o Barão do Tietê. No século XIX tinha ricas imagens de São João Batista, Santa Anna, Bom Jesus, São Pedro, São Miguel, São José, Nossa Senhora da Conceição, São Paulo e São Francisco de Paula. Época gloriosa da igreja, quando era seu vigário Eugênio Dias Leite. A imagem de Nossa Senhora da Consolação, do século XVIII, descansou muito tempo na Igreja do Colégio. Depois mudou-se para o Arquivo da Cúria e, mais tarde, visitou o Museu de Arte Sacra. Como tantas outras imagens antigas.