História
Em princípio de 1914, o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, de acordo com o inspetor salesiano do Sul do Brasil, o Padre Pedro Rota, criou e confiou à Congregação Salesiana uma nova paróquia, no populoso bairro do Bom Retiro. Foi justamente a paróquia que traz o belo nome de “Nossa Senhora Auxiliadora”, ao lado de cuja sede havia de surgir logo, quase contemporaneamente, o Instituto Dom Bosco.
O decreto do senhor Arcebispo traz a data de 2 de fevereiro de 1914. Mas entendamos: houve o ato da autoridade eclesiástica, houve a nomeação do 1º vigário, o Padre Domingos Minguzzi. Entretanto a paróquia não tinha nem casa, nem igreja, nem um terreno para a construção de uma capela provisória.
Durante vários anos, os atos paroquiais, como batizados e casamentos, eram feitos no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, e isto precisamente até o dia 26 de maio de 1918, quando se inaugurou a primitiva capela, adaptada um pouco às pressas: originariamente tinha sido depósito de garrafas. Essa capela ficava mais ou menos, no lugar onde agora se ergue o majestoso Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora.
O zeloso e popular Padre Minguzzi percorria continuamente sua extensa paróquia, visitava o seu povo, assistia os doentes, desdobrava-se em grande atividade.
Desde o início, entenderam os salesianos que, ao lado da igreja paroquial a ser construída, deveria surgir também um estabelecimento de ensino de caráter popular. O Padre Pedro Rota era de opinião que se deveria fundar no Bom Retiro um instituto de ensino profissional, para beneficiar a juventude deste grande bairro operário.
O ativo vigário da nova paróquia iniciou logo as indagações à procura de um lugar conveniente. Tarefa difícil encontrar um terreno com facilidade de comunicações e suficientemente amplo, que se prestasse à construção de uma vasta matriz e de um grande instituto de ensino profissional! Mas os persistentes esforços do Padre Minguzzi foram coroados de êxito.
A congregação Salesiana comprou um terreno à rua Afonso Pena, esquina da rua Três Rios para nele construir a nova matriz. Por seu lado, a esclarecida e benemérita Municipalidade, tendo na devida conta os benefícios que havia de trazer ao povo o instituto projetado, cedeu generosamente uma boa quadra de terreno ao lado, sito à Praça Visconde de Congonhas do Campo (atualmente Praça Cel. Fernando Prestes).
Fundidas as duas idéias numa só – a igreja e o colégio – daí resultou a localização e o funcionamento conjunto das duas entidades que constituem a segunda fundação salesiana nesta cidade de São Paulo. A primeira, é o veterano e grandioso Liceu Coração de Jesus, fundado em 1885, que começou a funcionar como colégio no princípio de 1886.
A fundação da igreja, não contou com nenhum auxílio da Cúria Metropolitana, nem mesmo existiu comissão encarregada de angariar donativos. É portanto igreja nitidamente salesiana.
Do contrato entre a Cúria e a Congregação consta que se algum dia fossem dispensados os serviços paroquiais da congregação, este templo continuaria sempre como Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, oficiada pelos salesianos.
A construção do Santuário iniciada em 1923, já 10 anos depois, feita a cobertura da igreja, começou servir ao culto do populoso bairro do Bom Retiro, formado em maioria pela população de origem italiana.
Não teve prolongada durabilidade a vida religiosa, em plena floração no princípio. Isto se deve a vários fatores de diferente natureza. Dois deles são principais: desmembramento da paróquia em outras comunidades paroquiais e a fuga da população para outros bairros, e ao mesmo tempo a chegada da população israelita que fez transformar o bairro em um centro, eminentemente industrial e comercial têxtil. Tirados os quartéis, os estabelecimentos de ensino, centros comerciais, altos prédios com imigrantes de outros ritos, ficou reduzida a população católica.
Estas circunstâncias fizeram modificar substancialmente a feição da comunidade paroquial, composta agora de católicos que vivem “ilhados” nos grandes prédios israelitas, ou então amontoados em cortiços, formados pela população nordestina que vem em busca do trabalho nas confecções ou como empregados de prédios.
Hoje, tal situação se intensifica ainda mais com a concentração no bairro da população coreana, que ocupa aos poucos os espaços deixados pelos israelitas, trazendo traços de uma cultura bem diferente das demais, apesar de que a juventude já esteja integrada aos nossos costumes e grande parte seja de confissão evangélica.
É também significativa a presença boliviana que entre outros núcleos existentes em São Paulo é composta de uma população migrante, na maioria pobre, encortiçados e outras vezes de subempregados, empregados e pequenos comerciantes.
Religiosamente encontramos as diversas concepções: católicos, católicos de rito oriental (armênios), ortodoxos (gregos e russos), evangélicos, metodistas, presbiterianos, testemunhas de Jeová, judeus, muçulmanos, budistas, espíritas, grupos afro-brasileiro e indiferentes a qualquer credo. Um campo privilegiado para a ação ecumênica e do diálogo religioso.
A grande devoção de Nossa Senhora Auxiliadora dos antigos habitantes do bairro que freqüentam periodicamente os atos religiosos e fazem questão em querer batizar e casar os seus filhos à sombra do Santuário, faz em que a paróquia aos sábados e domingos, assuma aspectos de uma comunidade, ainda que de “passagem”.
Encontra-se também, a Capelania Polonesa que aos domingos agrupa para o culto, os imigrantes da etnia polonesa e seus descendentes que dão ao Santuário um cunho todo particular. Depois de ser animada por sacerdotes salesianos, de origem polonesa, por mais de quatro décadas, a animação foi assumida pela Congregação dos Missionários de Cristo para os migrantes poloneses.
O Instituto Dom Bosco, o oratório festivo bastante florescente e engajados nas festas litúrgicas, deram a comunidade um certo brilho. Podem ser encontrados desde o início, algumas atividades paroquiais: Apostolado da Oração, Filhas de Maria, Congregados Marianos, Vicentinos, Damas de Caridade e o Coral Dom Bosco; mas todas elas em escala muito reduzida e formados geralmente pelos membros de outras comunidades. Atualmente, esses grupos passam por necessárias modificações, respondendo aos desafios do momento. O Instituto Dom Bosco se transforma em uma Obra Social para a juventude e novas atividades pastorais vão se somando às antigas no sentido de responder as exigências da igreja e da sociedade de nosso tempo.
O Santuário deseja ser um centro de animação e divulgação da devoção à Nossa Senhora Auxiliadora para a família salesiana e o povo de Deus em geral.