História

Arquidiocese de São Paulo (em latim Archidiœcesis Sancti Pauli in Brasilia) é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil. É a Sé Metropolitana da Província Eclesiástica de São Paulo. Pertence ao Conselho Episcopal Regional Sul I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A sé arquiepiscopal está na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo.

A história da Igreja em São Paulo está na origem da cidade. Fundada em 25 de janeiro de 1554, pelos missionários jesuítas Padre Manoel da Nóbrega e São José de Anchieta, a pequena Vila, batizada de São Paulo de Piratininga, nasceu dentro de um propósito evangelizador.

Até 1745, São Paulo pertencia à então Diocese do Rio de Janeiro e, com a bula Candor Lucis Aeternae (Candor da Luz Eterna), do Papa Bento XIV, foi elevada à sede de Bispado.

No dia 7 de junho de 1908, o Papa São Pio X elevou a Diocese de São Paulo em sede metropolitana, criando a província eclesiástica homônima com mais outras cinco dioceses, criadas no mesmo dia. Até essa data, todo o Estado de São Paulo formava uma única diocese. Desde então, São Paulo teve 12 bispos e sete arcebispos.

Em 1989, diante do vertiginoso crescimento da metrópole, São João Paulo II criou quatro novas dioceses desmembradas do território da Arquidiocese: Campo Limpo, Osasco, Santo Amaro e São Miguel Paulista.

Detalhes por período

No período de 1745 até 1824 vivemos a fase das lutas pela independência da coroa portuguesa e a teologia liberal que impregnará os padres e bispos da época. É tempo de revoltas em toda a colônia com revoluções comandadas inclusive por padres como Frei Caneca na Confederação do Equador no Pernambuco.

Havia uma forte reivindicação de uma Igreja nacional e o ideal de liberdade e emancipação do jugo português vai crescendo até a emancipação. Os grandes senhores agrícolas se estabelecem em torno da cana de açúcar e o trabalho escravo vê reforçado sua crueza no massacre de milhões de africanos trazidos à força pelos navios negreiros. Nações inteiras como os nagôs, bantus, iorubás e jejes são escravizados e forçados pela Igreja a abandonar suas religiões tradicionais africanas assumindo sob o chicote o batismo cristão.

São Paulo teve como bispos neste período Dom Bernardo Rodrigues Nogueira (15.07.1746 – 07.11.1748), Dom Frei Antonio da Madre de Deus Galvão, ofm (28.06.1751 – 19.03.1764), Dom Frei Manuel da Ressurreição (07.12.1771 – 21.10.1789), Dom Mateus de Abreu Pereira (04.11.1795 – 05.05.1824), todos de origem portuguesa.

Este último participou ativamente e assiduamente dos acontecimentos políticos e da Independência do Brasil. Apoiou claramente a independência com o apoio do Cabido e do clero paulista. Fez parte do triunvirato que governou São Paulo. Mesclava idéias regalistas e liberais.


No período de 1824 até 1938 vivemos o período da reforma católica da Igreja. A sociedade vive o período da revolução industrial nascente e da expansão capitalista. O fenômeno migratório que sempre caracterizou a geopolítica nacional vê-se agora marcado pela imigração de assalariados alemães, espanhóis e italianos. A Igreja vive a crise da formação do Estado liberal e o final do império, com forte característica clerical.

É a reforma tridentina enfim chegando com força em terras brasileiras. É a nova cristandade convivendo com a luta abolicionista e a maçonaria. São Paulo passa neste período de 80 mil negros escravos a contar 174 mil escravos, particularmente nas fazendas de café. Em 1852, começam a chegar suíços trazidos para Rio Claro e em seguida alemães e italianos. No dia 18 de julho de 1908, pelo navio Kasato Maru, os imigrantes japoneses chegarão ao interior paulista, instalando-se na linha Mogiana, introduzindo um novo mundo de relações, línguas, costumes e diferenças étnicas e religiosas. Vieram 300 mil alemães, cerca de 60 % luteranos principalmente para o sul do país. Nesta fase chegam os dissidentes da Igreja anglicana, e os templos de Igrejas protestantes são construídos em São Paulo a partir de 1871 sendo que em 1910 chegam os pentecostais.

No dia 03 de julho de 1858 começava a funcionar o Cemitério da Consolação, por ocasião da epidemia da varíola. Este era o primeiro cemitério organizado pela municipalidade. Entre 1775 e 1858 os cadáveres de escravos e indigentes eram amontoados em buracos abertos na rua dos Aflitos, no atual bairro da Liberdade.

Cinqüenta e dois por cento dos 580 mil habitantes da cidade, empregados como mão de obra na indústria paulistana em 1920 eram estrangeiros. A cidade de terra e barro é destruída e o tijolo torna-se o novo material das casas e igrejas. Em seguida o cimento armado. É a revolução das estruturas e arquiteturas.

São Paulo teve como bispos deste período: Dom Manoel Joaquim Gonçalves Andrade (11.11.1827 – 26.05.1847), Dom Antonio Joaquim de Mello, primeiro brasileiro (14.06.1852 – 16.02.1861), Dom Sebastião Pinto do Rego (10.06.1862 – 30.04.1868), Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (07.01.1873 – 19.08.1894), quando foram criadas as novas dioceses de Porto Alegre (1848), de Curitiba (1892), de Pouso Alegre (1900), e de Florianópolis (1906), ficando a diocese de São Paulo reduzida ao território do Estado de São Paulo; Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (30.09.1894 – 24.07.1897), Dom Antonio Candido de Alvarenga (25.03.1899 _ 01.04.1903), Dom José de Camargo Barros (24.04.1904 – 04.08.1906), e Dom Duarte Leopoldo e Silva (14.04.1907 – 13.11.1938). Durante seu governo inicia-se a construção da nova catedral em 1913 e São Paulo é elevada à categoria de arquidiocese, por decreto do Papa Pio X, quando são criadas de seu território as dioceses de Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto e Taubaté, envolvendo a diocese de Curitiba como sufragânea até esta ser também elevada a Arquidiocese em 10 de maio de 1926.

Vive-se desde 1920 até 1964, a teologia da restauração católica, tendo como expoente o Cardeal D. Sebastião Leme do Rio de Janeiro. A Ação Católica se instala e cresce em todo o país, gerando filhos de porte intelectual como Alceu de Amoroso Lima. A ditadura militar de Getúlio Vargas de 1937-1945 encontra uma Igreja acomodada. O período populista e desenvolvimentista gerara a Democracia Cristã e uma teologia da neo-cristandade, seguida da teologia da recristianização da sociedade pela força do laicato organizado.

Ao período das revoluções na década de 20, seguem-se as lutas por reformas sociais dos anos 30 e 40 até chegarmos ao golpe militar perpetrado em 1964. O fenômeno da urbanização marca a cidade de São Paulo que busca atender e responder de maneira tímida aos imensos desafios do urbano e da cultura emergentes.

Em 1940 a cidade possui 1.330.000 habitantes e segundo o censo, o Estado de São Paulo detinha 43 % da produção industrial e 35 % dos operários de todo país.

Foram arcebispos desta fase: Dom José Gaspar D’Afonseca e Silva (17.09.1939 – 27.08.1943), Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota (30.08.1944 – 25.04.1964).

O Cardeal Motta instalou a PUC em 02.09.1946 e inaugura a atual Catedral em em 25.01.1954. Iniciou em 20.04.1951 a Campanha “Uma Igreja em cada bairro”, inaugura em 02.03.1956 a Rádio 9 de Julho fechada em 1973 pela ditadura militar e lança o primeiro número do jornal semanal “O São Paulo” em 25.01.1956. Em 1954, no IV Centenário da cidade, o Estado de São Paulo possuia 14 dioceses e a população da nossa Arquidiocese era estimada em mais de três milhões, o que a colocava como a maior do Brasil e segunda da América do Sul. Contava com 203 sacerdotes diocesanos num vastíssimo território com vários municípios da grande São Paulo.

A partir de 1964 até 1998 a Igreja brasileira vive sob o signo da teologia da libertação e da opção preferencial pelos pobres. É período de renovação da teologia bíblica, de distanciamento do poder político, particularmente no pastoreio de Dom Paulo Evaristo Arns. É o momento do surgimento das CEBs e da valorização dos movimentos sociais emergentes e de resistência face à ditadura militar. Da Igreja das catacumbas até a conquista da cidadania, a Igreja paulopolitana assume o rosto dos pobres e muda de lugar social assumindo a causa dos pequenos.

Deste período temos como pastores: Dom Agnelo Rossi (01.11.1964 – 22.10.1970) e Dom Frei Paulo Evaristo Arns, ofm (01.11.1970 – 14.04.1998).

Assim que assume a diocese Dom Paulo incrementa fortemente a participação dos leigos nos passos do Concílio Vaticano II. Realiza a Operação Periferia, vendendo seu palácio Episcopal e assume destemida defesa dos direitos humanos constantemente violados pela ditadura militar. Torna-se voz dos sem voz e arauto da justiça social em nossa pátria. É de sua responsabilidade a edição do “Brasil, nunca mais”, marco na luta contra a tortura.

Cria novas regiões episcopais, realiza amplo plano de pastoral urbana e lança as bases para a ação colegiada na grande metrópole de São Paulo. Criou as condições essenciais para a entreajuda do projeto “Igrejas-irmãs”. Nestes últimos 25 anos Dom Paulo cria 43 paróquias e incentiva e apoia o surgimento de mais de 2000 comunidades de base nas periferias da metrópole paulistana, particularmente nas atuais dioceses sufragâneas de São Miguel, Osasco, Campo Limpo e Santo Amaro, além das regiões de Belém e de Brasilândia. Esta era a resposta eficaz e efetiva ao crescimento desordenado, à miséria e à migração constante para a capital de São Paulo.

Em 1975 tem como bispos auxiliares, Dom José Thurler, Dom Benedito de Ulhôa Vieira, Dom Francisco Manuel Vieira, Dom Mauro Morelli, Dom Joel Ivo Catapan e Dom Angélico Sândalo Bernardino, cada qual assumindo uma das seis regiões episcopais, divididas em setores de pastoral com autonomia e dinâmica próprias. Ainda serão escolhidos Dom Luciano Mendes de Almeida, Dom Alfredo Novak, Dom Antonio Celso Queiroz, Dom Fernando Penteado, Dom Antonio Gaspar e Dom Décio Pereira.

Cada setor deverá assumir e articular as quatro prioridades escolhidas pelo povo: Comunidades eclesiais de base, Direitos humanos e Marginalizados, Mundo do Trabalho e Pastoral da Periferia.

A arquidiocese começa a agir de acordo com planos de pastoral, nos moldes da CNBB, fixando a cada dois anos e depois a cada 4 anos objetivos e prioridades pastorais para garantir eficácia e unidade pastoral evangelizadora. Hoje estamos no sétimo plano válido para os anos de 1995 a 1998. Sempre motivados pelo lema: De esperança em esperança. As atuais prioridades são: Saúde, Moradia, Mundo do Trabalho e Educação.

Depois de inúmeras divisões de seu território a Arquidiocese têm a seguinte configuração no ano de 1995: Existem atualmente em 1995, seis regiões episcopais, cincoenta setores de pastoral, três vicariatos ambientais, 261 paróquias territoriais e pessoais, dez santuários, 461 comunidades eclesiais de base, 25 pastorais articuladas na cidade, 36 movimentos de leigos, coordenados por dezenas de ministros e ministras leigas, com o apoio também ministerial de 2337 religiosas, 771 sacerdotes diocesanos e religiosos, 59 seminaristas, seis bispos auxiliares e o pastor diocesano, Dom Paulo Evaristo Arns. A arquidiocese compreende somente 635.33 Km² dos 1509 Km² do Município. A população em 1995 é estimada em nove milhões de habitantes.

Dom Cláudio Hummes foi nomeado em 15.04.1998 Arcebispo de São Paulo e tomou posse em 23.05.1998. Foi criado Cardeal Presbítero do Título de Santo Antônio de Pádua na Vila Merulana em 21.02.2001, pelo Papa João Paulo II. O Papa Bento XVI nomeou, em 30 de outubro de 2006, Sua Eminência Cardeal Cláudio Hummes, OFM para Prefeito da Congregação para o Clero.

Fevereiro 2000
No jubileu do ano 2000, Dom Cláudio Hummes designou na Região Episcopal Sé, para cumprimento da Indulgência Plenária, durante o ano do jubileu, as seguintes Igrejas: Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo, Igreja de São Francisco de Assis, Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima,  Igreja de São Paulo da Cruz, Igreja de Nossa Senhora da Consolação, Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat; Igreja do Beato Frei Galvão e Igreja da Capelania Militar Santo Expedito.

Janeiro 2005
Setores – Depois de um discernimento realizado com os padres e algumas coordenações de setores, decidiu-se que  a Região Episcopal Sé passaria a contar com 10 (dez) setores: Aclimação, Bom Retiro, Brás, Catedral, Cerqueira César, Jardins, Paraíso, Perdizes, Pinheiros, Santa Cecília. As paróquias do antigo setor Pari foram absorvidas pelo setor Bom Retiro.

18 Julho 2006
Em reunião do Conselho de Bispos da Arquidiocese de São Paulo, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo Dom Cláudio Hummes, distribuiu responsabilidades em âmbito arquidiocesano aos Bispos Auxiliares, além das responsabilidades de suas respectivas Regiões Epicopais, tendo em vista a chegada de dom João Mamede Filho e transferência de dom Benedito Beni dos Santos;

14 Junho 2007
Dom Manuel Parrado Carral, Bispo Auxiliar de São Paulo – Vigário Episcopal para a Região Sé, é eleito para o Conselho Econômico do Regional Sul 1 da CNBB, durante a 70ª Assembléia dos Bispos do Brasil.

02 Dezembro 2007
Acolhida à sua Eminência Reverendíssima Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer por Dom Manuel Parrado Carral, Bispo Auxiliar de São Paulo, em nome dos Bispos Auxiliares, sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas e de todos os fiéis.

Durante sua história, a Igreja particular de São Paulo passou por enormes transformações, que também estão relacionadas com as mudanças sociais, demográficas, econômicas, culturais e também religiosas. De Igreja “interiorana”, ela precisou confrontar-se com o surgimento rápido da Metrópole e com todos os desafios daí decorrentes. E não é diferente hoje, quando ela procura ser “testemunha de Jesus Cristo” na complexidade da grande cidade.

Para continuar a corresponder à sua missão, após o caminho sinodal de comunhão, conversão e renovação missionária, a Arquidiocese de São Paulo dá um novo passo histórico, com a entrada em vigor dos instrumentos referentes à sua renovação pastoral e administrativa. Além da readequação das seis regiões episcopais em 24 decanatos, foram promulgados os novos diretórios para a Pastoral dos Sacramentos e da Formação Presbiteral, além das Normas Administrativas e Financeiras da Arquidiocese.